Naufregante
O sono, o susto de ser quase capturado,
Lançou uma âncora para ficar acordado
Escreveu “era uma vez”, sem saber como continuar a história
Esperança de que criando uma expectativa a vigília ficasse com a vitória.
No computador, a vontade de escrever, o sono, uma letra aleatória.
Veio um vento e a maré e o carregou para mar aberto
Terra plana com precipícios para todo lado e não viu nenhuma firme por perto
Monstros marinhos e sereias também povoavam seus devaneios
No céu pensou ver gaivotas alheias aos seus receios
O cais como lembrança do ontem
Na frente o caos despontava no horizonte
Para ajudar liderou um motim o acaso, tripulante clandestino
Mar agitado, ondas descomunais batendo no seu casco
Estava definitivamente alterado seu destino
O novo comandante parecia ser carrasco
Plaquinha de “sob nova direção”, o leme subjugado
Não parecia ser um bom momento
Ventos levantavam uma espuma deixando o ar salgado
E a nau parecia estar ao sabor do vento
Pensou num bote salva-vidas
Mas no navio a marca e a histórias das suas conquistas
Pule fora, você não é o capitão
Se nem na gávea consegues ter um “TERRA À VISTA”
E se está fazendo água o que antes era sua convicção
Não insista
No bote as ondas parecem ainda maiores
E o vento teima em ser de proa
Segue remando, esquece suas dores
Persistência era a jóia da Coroa
E o barquinho virou dois numa onda malvada
Nada que deixasse sua esperança na terra comprometida
Mente sadia decidiu partir para braçada
Desistir de lutar é morrer - não tinha outra saída
Forças minguando, mas eis que ao longe começa a vislumbrar a terra
A vontade e a exaustão entrariam em guerra
De repente um despertar pela claridade do dia
Limpando a sua baba do teclado não teve garantia
Se o herói escapou de morrer na praia ou foi recompensado pela sua valentia