P R E C I O S I D A D E S (117)
DOCES VERSOS SONHEI . . .
Doces versos sonhei, escondida canção,
Plumagem que, de leve, aflora o coração.
Dourados versos cujo enredo se desfia
Como as tranças de Ofélia, ondeando na água fria,
Versos sem carrilhões, fáceis, trama indecisa,
em que a rima, serena, é um remo que desliza,
Versos de antigo estofo e apagado semblante,
Que uma nuvem nos lembra, um som muito distante,
Versos de fim de outono, enfeitiçando as horas,
no rito feminil das síladas menores...
Doces versos sonhei, morrendo como as rosas.