BARRACÃO DE ZINCO
Para mim
a chuva no telhado
é um canto sem fim
que deixa tudo molhado
o meu pobre barraco,
pois a chuva que cai
entra pelos buracos
e não mais sai.
Como posso ser feliz
se rico meu irmão
ao ver isto, nada diz
e nem me dá a mão
para no zinco vedar
as várias frestas
que faz a chuva molhar
o pouco que ainda resta.
É que estas chuvas
não lhe causam danos
pois calçado de luvas
e vestido em ricos panos
nem pensa que a chuva fria,
que a noite vem niná-lo,
é a minha maior agonia,
que faz meu pranto rolar.
Nova Serrana (MG), 22 de abril de 1985.