ESTOJO DE RECORDAÇÕES
Giram os ponteiros, ininterruptos,
A caminho do futuro, lentamente
A mostrar o andar marcado do tempo.
Passada a ladainha das horas,
O peso da tarde tem o corpo de um elefante,
Imóvel na mesmice diária da memória.
E o pensamento, a destreza de uma ema,
Que busca ter a agilidade da gaivota,
Prestes a voar ao primeiro susto, em vão.
Desenho na memória as estrelas,
Que eu via na juventude, guardo-as
Com todos os objetos e perfumes da época.
No estojo de recordações, há pedaços de mim,
Abro-o no torpor da tarde e saltam dele
Lembranças e alegrias teimosas.
Travo a tampa com ferrolho e rosca,
Guardo-o cuidadosamente no peito,
Para abri-lo outra vez amanhã.
Dalva Molina Mansano