HUMANO POR FORA E POR DENTRO
HUMANO POR FORA E POR DENTRO
Marília L. Paixão
Hoje eu não quero palavras frágeis ou bonitas
Está borrada a tinta das flores e dos brilhos
O sol seria negro e a lua teria uma cor besta qualquer
Hoje a chave mestra do amor que ameniza tudo deve ter se perdido
O que faço, vejo e sinto não está encantado com nada
Toda vez que tentam me derrubar tenho que me equilibrar sozinha
Toda vez que choro nada me glorifica
E os dias depois dos outros, principalmente os ruins, demoram muito a passar
Quando é que passa essa minha falta de ar?
Quando é que fica reconhecido nosso valor e real brio?
Quando é que se desculpam os causadores deste mal estar imenso?
Me dão ferro, sinto as barras.
Me dão fogo, queimo.
Não há como suavizar isso.
Persegue-me a dor que tento distrair, mais ainda sustento.
Todo poeta é acima de tudo, humano por fora e por dentro.