ÚNICA
A mulher que existe em mim
Não se obriga a ser dondoca.
É guerreira e não se apouca
Por conta da condição...
Cidadã fez opção,
De lutar contra a injustiça.
Liberdade a ela atiça
A agir, berrar seu não:
A toda forma de medo,
Degredo e escravidão;
Situação de arremedo,
Das sem direito e sem pão.
Vai à luta, sabe bem,
Que quem se cala consente...
De lutar não fica ausente...
Sabe a força de uma ação.
Sonhadora e pés no chão
Mede o passo e faz projeto
De futuro em promissão...
Não vive por um decreto.
Despreza a vil liberdade
Que a torna um objeto.
Abjeta à inverdade
De ser metade, o dialeto,
Que a reduz a ser sombra.
Nunca lhe abraçou a onda
Que da mulher faz joguete.
Se a misoginia estronda
Não se expõe ao seu topete.
Demônio é, se é preciso...
Tem a força de um vulcão...
E se terna, esboça um riso,
Acredite é sedução.
A que se doa e se entrega
Para a vida em oblação.
E a sua cria não renega...
Carrega no coração.
Ser comum entre os demais
Segue seu curso impassível.
Em si o bem sem confete.
Eva que não se repete...