Para dormir
Para o Leão, a calma de uma savana
Mas para a zebra é estado de alerta
Pois a fome leonina é insana
É melhor ficar esperta
Para uma igreja, uma prece
Mas será que alguém escuta
Será que quem reza merece
Se vive pedindo perdão por sua conduta
Para um atrasado a velocidade
A correria atrás do tempo perdido
Talvez antes não fosse prioridade
Talvez não fizesse sentido
Para a vingança uma maldade
E o interior gostaria de bater palma
Mas ao contrário, só afasta a felicidade
Pois nem mesmo vingado o coração se acalma
Para o amor a surpresa às vezes mora ao lado
Dando sentido a palavra fraternidade
Na descoberta de quem não era cotado
Para nos piores momentos se revelar amizade
Para contratos letras miúdas no que não pode
E no que é bom letras garrafais e negrito
Como eram bons os tempos da confiança: o fio do bigode
Mas por segurança vale o que está escrito
Para o artista, uma platéia
Mas na falta do ensaio, o medo do ridículo
O bom improviso como panacéia
Pois para o bem ou mau o espetáculo já é currículo
Para a dignidade, um emprego
Mas talvez para mantê-lo, de anfíbios uma dieta
Já que não vai ter arrego
Você tem que cumprir sua meta
Para o veneno tem o antídoto certo
Mas da doença para a epidemia existe logística
Se é bom ter o remédio por perto
Melhor é se cuidar para não virar estatística
Para a dúvida, a humildade quer aprender
Quem sabe o Google como oráculo
Mas para a soberba é vergonha não saber
E o aprendizado ganha obstáculo
Para um coração inquieto uma caneta nervosa
Que pretendia para a paixão reciprocidade
Risca sua angustia em verso e prosa
Pois na distância lhe dói a saudade
Para uma sociedade uma utopia
Pois a realidade é fustigante
Para o recomeço um novo dia
A esperança é um gigante
Para o cansaço uma boa cama
E de penas de ganso um travesseiro
Depois de ler esta bobeirada - que programa
Não precisará nem contar carneiros
Boa noite
:)