A POMBA
Tinha uma pomba no meu caminho
E estava muito escuro ainda...
O que fazia ali aquela pomba tonta,
Se a noite escura nem estava finda?
Tem um desejo deitado na minha cama
E eu não tenho alguém que me ama...
O que faz ali aquele desejo,
Se quem eu quero, quem eu almejo
Foi-se, sem ao menos me dar um beijo?
Agora, este desejo intruso
Passou a me acompanhar durante o dia,
O que considero um abuso...
Disse a ele que me espere à noite,
Porque à noite tem mais fantasia...
Mas o desejo, como a pombinha,
Apareceu no meu caminho e comigo caminha,
Assim, sem hora marcada...
Acho que estou como a pomba... desnorteada,
Meio perdida... desorientada,
Dormindo quando todos acordam
E, de noite, vagando acordada,
Sem saber o que fazer,
A não ser fantasiar com você,
Solitária, na madrugada...