Minhas vozes
Uma cala, silêncio.
Perpétua inquietação que inexiste
Enquanto teimo em falar.
Falar o quê, oras? Não sei, não falo.
Da minha pequenez resta caos, horror.
Sujeira limpa daquilo bom que já fui.
E eu, nada sabedor, soube enfim que
Saber demais é querer de menos.
Ouço vindo do final da rua, fina, esgueira,
Ela que apenas me jubila,
Que apenas me julga,
Que apenas me é.
Seus risos são tão soltos
Que seu deleite é meu também,
Impuro e imediato, sem parar, sem pensar.
É muito penar para pouca arte.
Confusa me chega sem me querer próximo,
Mas nada é se não a obrigação.
Repete-se, repete-te, repete-vos
E me repete.
Entre inquietude e escárnio,
Essa última parece ser a mais sã.
Talvez seja esse o seu propósito,
Mostrar que o caos
É meu ponto de equilíbrio.
Mostrar que o de ponta cabeça,
O avesso é meu lado certo.
Um grito... E, enfim, paz!