A poesia ali tomada joguei encarnada
A poesia ali tomada joguei encarnada
e triturei na sombra desejosa.
Assei-a arada monumentalizada
de feitio vagabundo dessacralizando
os penedos com néon e alumínios
bordados no dragão-de-Komodo
chafurdando no leite vaginal.
Na quebrada duma cidade imagino-te
volúvel atiçada por mim, que intento
espancar-te em praça pública para
anoiteceres vulcânica e pétrea sangrada.
Um cheiro de fora ateia âmbar e
queimadas centrais num jarro que
permite empapares o brilho da
braçada que queimas.
Poesia tocada, reverberas na gare
maldita dos lábios coalhados
dum grão de abissal força.
Dos poros da cidade trazida também
vagas na vala arborizada do
ventre esparramado.
Da ribalta o caminho estrábico
gota a gota perfila em tuas coxas
de lacraia sempre teus afrescos
estuprando-me adiante.
Dos restos de mim refletes o trunfo
seguido: perdição aflorada no lodo
beijado em forma de poesia.