A poesia ali tomada joguei encarnada

A poesia ali tomada joguei encarnada

e triturei na sombra desejosa.

Assei-a arada monumentalizada

de feitio vagabundo dessacralizando

os penedos com néon e alumínios

bordados no dragão-de-Komodo

chafurdando no leite vaginal.

Na quebrada duma cidade imagino-te

volúvel atiçada por mim, que intento

espancar-te em praça pública para

anoiteceres vulcânica e pétrea sangrada.

Um cheiro de fora ateia âmbar e

queimadas centrais num jarro que

permite empapares o brilho da

braçada que queimas.

Poesia tocada, reverberas na gare

maldita dos lábios coalhados

dum grão de abissal força.

Dos poros da cidade trazida também

vagas na vala arborizada do

ventre esparramado.

Da ribalta o caminho estrábico

gota a gota perfila em tuas coxas

de lacraia sempre teus afrescos

estuprando-me adiante.

Dos restos de mim refletes o trunfo

seguido: perdição aflorada no lodo

beijado em forma de poesia.

André SS
Enviado por André SS em 24/05/2018
Código do texto: T6345637
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