Catexia
Ainda a vejo... Em todos os lugares...
Como em sonhos de uma ilusão cristalina.
Tudo é o mesmo, sem novos ares,
Mas insisto em a ver a cada esquina.
Em quaisquer que sejam meus andares,
Sua imagem silencia a morna rotina.
Nunca acreditei que tal sentimento fosse terminar.
Talvez eu ainda a ame. Da forma que for...
A redundância que faz o tempo se fragmentar,
Às vezes faz toda esperança se decompor.
A ilusão adormece o sentimento para nada ecoar;
Adormecer sim, terminar não. Há fim para a dor?
Dor ou um amor romântico idealizado?
Tentar não a amar é uma impossibilidade,
Mesmo o ébrio sentimento, puro, imaculado,
E o destino, ou os momentos de serendipidade,
No limite de outrora, a ela estou acorrentado...
O amor sempre cresce no vento da eternidade.
Suas cartas, todas queimadas pela melancolia,
O fim e o início são deveras semelhantes...
Das vezes que fiquei horas olhando sua fotografia
Ou procurei pelo sublime e não achei tais semblantes.
Minha vida amanheceu em uma noite fria,
As sombras das palavras não são como antes...
As palavras fazem do amor um perpétuo anoitecer,
Hoje a tristeza é o modus operandi da vida
E a indiferença faz o futuro desaparecer,
O desejo de sonhar era a derradeira saída;
Agora só resta a lembrança de um amanhecer...
Um amanhecer que vive em forma de ferida.