A PONTE

Sobre o negro rio da solidão,

no dia-a-dia da vida,

uma ponte foi construída

de coração a coração.

Por ela passaram sonhos,

transitaram bons sentimentos,

reflexos de momentos risonhos,

no compasso de mútuos batimentos.

Também atravessaram dores,

surpresas e desencantos,

ilusões e tantos temores,

inundados em muitos prantos.

Era uma ponte segura,

erguida em pilares fortes,

de amálgama bem pura

vinda dos dois aportes.

Mas o tempo não perdoa

quem na ida perde o norte.

E destrói a ponte-amor

que cinge a vida à morte...

De coração a coração

já não há mais ponte:

um retorna à solidão;

o outro, vê novo horizonte.