AGONIA ONTOLÓGICA
Tenho certa preguiça de existir.
Gosto de dormir, esquecer,
Viver tudo pela metade.
Arde em mim uma vontade de nada
Que é desejo de tudo.
Uma agonia que pede uma bebida,
Que fere valores e certezas,
Que recusa toda vaidade
E se conforma a existência
Como uma comida estragada.
Tenho revoltas que se matam,
Uma vida que quer viver
Alguma coisa que não cabe nos dias.