CONTRIÇÃO
Quem és tu, Senhor
que de mim de lembras?
Que coisa tão intensa
faz com que saibas quem sou?
Não é só onisciência,
pois me chamas pelo nome,
não é só inteligência
pois teu saber me consome
Quem és, que te recordas,
de tudo o que eu esqueço,
sendo mais íntimo a mim
do que eu sou a mim mesmo.
Como podes amar assim,
em tua glória já sabendo
que eu iria te ofender
de forma tão áspera e veemente?
Como podes, ao meu ver,
e assim me conhecendo,
de mim te lembrares
quando tanto não me lembro?
Quando em mim tudo mata,
que matou de forma horrenda
quem é da mesma substância
que É antes da existência?
Quem és, Senhor?
Faz com que eu conheça...
mesmo que minha fraca mente
sequer um dia entenda
como podes doar-te tanto,
a quem tanto te ofende
e ainda lembrares do nome
pois o sabias desde sempre.