Pérola literária
Tive uma ostra idéia
Que veio me amolar
Digerí-la como panacéia
E da mediocridade me curar
Mas numa boca mente banguela
Mastigar pensamentos incisivos
Triturar e empurrar para a goela
Encontra resistência em neurônios subversivos
Então fico remoendo
Penso trincar paradigmas
Mas sei, fico devendo
A salvação ainda é um enigma
E saio procurando alguma pista
Mas na concha de uma cabeça fechada
Imaginar outro ponto de vista
Só confirma que é tudo fachada
Um chá com folhas de compreensão
Quem sabe me ajude neste processo
Sempre difícil da digestão
Que revira um estômago possesso
Milhões de reviravoltas um dia vão esculpir
O bolo disforme que hoje se apresenta
A melhor providência é sempre resistir
Minha esperança não morre, pois é pirracenta
Que este embrulho vá acertando arestas
Esperança de ostra, para o que hoje é detrito
Quem sabe alguma hora sai algo que presta
Por isto que sigo e não desisto
E como neste mundo tem louco para tudo
Alguns amigos abrem na faca e comem com limão
Eles não se importam com texto cascudo
Vai que num verso encontram alguma premiação.