Filosofias de outono
FILOSOFIAS DE OUTONO
Pássaro cativo que almeja a liberdade.
Pássaro livre que vive em cativeiro disfarçado.
Sonho com um e vivo na identidade
Do outro, preso ao passado.
Voar para bem distante dos dois.
Ficar no hoje e esquecer o depois.
Na imensidão do céu azul planar.
Sou escrava dos meus costumes,
Dos hábitos, do preconceito,
Sem saber o que é direito
Ou dever eu praticar.
Desejo ser livre e me encontro cativa.
Quero um descanso e estou ativa.
Penso nos outros e o egoísmo,
Egocentrismo e usura
Me desconectam do mundo.
Encontro-me no espaço
Entre o hoje e o amanhã.
Meio ser, meio metal
No esforço, no descompasso
Da vida que passa naquele afã.
Sofro? Não sei se sentimento
Entra nesta história.
Não sei onde foi parar
Minha memória,
Onde estão os amigos
E os amores de outrora.
Eis que raiou a aurora
E já chegou o amanhã.
Nova vida, novos planos.
Novos rumos sem desenganos
No alvorecer do outono.
Folhas amarelas, vermelhas
Incendeiam a paisagem.
Não venha fazer visagem
Que não estou pra brincadeira.
O baile acabou, recolhe a cadeira
E vamos embora neste arrebol.
A noite se foi, raiou o sol
E iluminou a escuridão.
Não sou bêbado e cambaleio.
Não sou pássaro e volteio
No ponteiro do coração.
Não há mais gás, combustível.
Cansei mas não desisto
Daquilo que é insubstituível:
A Esperança, a Paz, o Perdão.