Filosofias de outono

FILOSOFIAS DE OUTONO

Pássaro cativo que almeja a liberdade.

Pássaro livre que vive em cativeiro disfarçado.

Sonho com um e vivo na identidade

Do outro, preso ao passado.

Voar para bem distante dos dois.

Ficar no hoje e esquecer o depois.

Na imensidão do céu azul planar.

Sou escrava dos meus costumes,

Dos hábitos, do preconceito,

Sem saber o que é direito

Ou dever eu praticar.

Desejo ser livre e me encontro cativa.

Quero um descanso e estou ativa.

Penso nos outros e o egoísmo,

Egocentrismo e usura

Me desconectam do mundo.

Encontro-me no espaço

Entre o hoje e o amanhã.

Meio ser, meio metal

No esforço, no descompasso

Da vida que passa naquele afã.

Sofro? Não sei se sentimento

Entra nesta história.

Não sei onde foi parar

Minha memória,

Onde estão os amigos

E os amores de outrora.

Eis que raiou a aurora

E já chegou o amanhã.

Nova vida, novos planos.

Novos rumos sem desenganos

No alvorecer do outono.

Folhas amarelas, vermelhas

Incendeiam a paisagem.

Não venha fazer visagem

Que não estou pra brincadeira.

O baile acabou, recolhe a cadeira

E vamos embora neste arrebol.

A noite se foi, raiou o sol

E iluminou a escuridão.

Não sou bêbado e cambaleio.

Não sou pássaro e volteio

No ponteiro do coração.

Não há mais gás, combustível.

Cansei mas não desisto

Daquilo que é insubstituível:

A Esperança, a Paz, o Perdão.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 01/09/2007
Código do texto: T633621
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