E a terra se abre
Em um dia calmo e desfigurado
As ondas mergulham sobre o mar
O azul refletia distante
Interligados mar e céu persistem
E a terra se abre como lábios rachados
Na epidemia do tédio crucificado
São as temperanças que flutuam longe
Na fadiga das alegrias dormidas
Despertando um olhar sereno
E na ilusão cansada oculta o caminho
Quando segue uma rota escura
E procura a luz que surge
O sol ultrapassa os raios sombreados
Num gorjeio similar e harmonioso
Trançado nas partes de um lindo corpo
As lágrimas abstratas e sem créditos
Caminham paralelas ao sonho
Que fragmenta uma dita lembrança
E aparece na paisagem submissa
Num estiloso pranto vago
Como num gesto ardente e vencido
Pela oração das vozes que cantam
E se espalham na noite
Pelas vielas que caminham nuas
Na fé que planta como se a morte fosse
E sobrevive além do espaço
Partindo bem dentro do tempo
Para deitar a ânsia do poeta que se preza
E debruça no tempo que era abrigo e afeto
O desenho que mostra o mistério da vida