A MORTE DA QUASE FAMOSA ATRIZ DE TEATRO ARMÊNIA

a única fila que se via era a do transporte público.

nenhum cortejo,

nem batedores.

não me lembro de ter notado algo de cunho litúrgico.

o mesmo arpejo,

as mesmas cores

de todos os dias se repetindo no mesmo ritmo búdico.

a única flor que se via era uma de anúncio de cosméticos.

nenhum lisianto,

um cravo sequer.

uma cena toda constituída de elementos tão anti poéticos.

nenhum santo,

um santo qualquer

que se apresentasse em defesa da espécie perante os céticos.

a única dor que se sentia era a dos olhos cansados no crepúsculo.

nenhum pesar,

tampouco luto.

o quanto dizia ao cosmos em conteúdo mensurável aquele fato minúsculo?

o mesmo luar,

desoculto

de todas as noites claras se repetindo pelo esforço contínuo de celestes músculos.