Ciúmes

Quando havia o ar mais puro carregado de desejos e fantasias,

quando um corpo n'outro corpo

era despretensiosa alquimia

e enquanto abundante de vida e frescor, a água nos rios, cristalina, corria:

Eu segurei firme a tua cintura, prendi-me aos anéis dos teus longos cabelos de fogo e decidi que para viver, bastava que a luz serena que teus olhos irradiavam, servisse como guia.

E juntos fomos um. Cantamos versos e bailamos brisas, andávamos e éramos nus, o calor dos nossos corpos aquecia e o orvalho das madrugadas arrefecia.

Tudo era perfeito.

Quando veio a noite e fechaste teus olhos-lanternas-guias, entregando-te a sonhos e mundos em que eu não estava e que não conhecia, senti nascer a primeira dor. Vi a água tornar-se turva e tive a sede lancinante daquele que apenas contemplava o mais perfeito amor e pude em lágrimas constatar que ele, agora, morria...

Renata Vasconcelos

Renata Vasconcelos
Enviado por Renata Vasconcelos em 11/05/2018
Reeditado em 11/05/2018
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