Ciúmes
Quando havia o ar mais puro carregado de desejos e fantasias,
quando um corpo n'outro corpo
era despretensiosa alquimia
e enquanto abundante de vida e frescor, a água nos rios, cristalina, corria:
Eu segurei firme a tua cintura, prendi-me aos anéis dos teus longos cabelos de fogo e decidi que para viver, bastava que a luz serena que teus olhos irradiavam, servisse como guia.
E juntos fomos um. Cantamos versos e bailamos brisas, andávamos e éramos nus, o calor dos nossos corpos aquecia e o orvalho das madrugadas arrefecia.
Tudo era perfeito.
Quando veio a noite e fechaste teus olhos-lanternas-guias, entregando-te a sonhos e mundos em que eu não estava e que não conhecia, senti nascer a primeira dor. Vi a água tornar-se turva e tive a sede lancinante daquele que apenas contemplava o mais perfeito amor e pude em lágrimas constatar que ele, agora, morria...
Renata Vasconcelos