Lia

Quando Lia veio ao mundo

tinha rádio, tinha sapo,

nego honesto e vagabundo,

meio, início e fim de papo;

só que Lia só queria

aguardente, amor bandido,

alarido e baixaria.

Quando Lia veio ao mundo

tinha o tinha, tinha cravo,

dor de dente, amor profundo,

andorinha e boi bravo;

só que Lia só queria

ver intrigas, se meter

em caminhos nada a ver.

Meu amor tão franco, aberto,

tinha tudo pra dar certo!,

mas o mas preponderava,

e, por fim, vi que não dava...

Quando eu lia um verso meu,

era o fim, o caos, o breu,

Lia ria e dizia:

- Oh, que bela porcaria!