Fragmento I
Amo no meu relógio sem ponteiros
Não pode o tempo ser inteiro
Se não existir nela a mesma intenção
Estará com a horas contadas o meu coração
Onde vês que poupo
Se o amor é louco
Sou nada são
Os outros são nada
Sabe o tudo ser pouco
O amor é um tunel
Também é uma escada
Tudo em tua direção
Sabe o mesmo ser o oposto
Figuram os sentidos que se inalcançam
Que nos põe do avesso e dançam
Sabe o amor nos dar razão
Sabe o pequeno ser imenso
Nessa propensão sem proporção
Que desafia as quantidades
Mesmo sem ter a menor pretensão
Em sincronia desconexa
O amor versa
Perde a rima
Tempestuoso como o clima
É tudo ao mesmo tempo