Natureza mórbida
Fogo no calor de toda gente
Leva coração à fé antiga,
Mata de desejo um ser carente,
Faz da Solidão uma amiga.
Cinza esta manhã petrificada
Gela o deprimente devaneio,
Chama em sua paz a bela Amada –
Árvore de amor por um anseio.
Sol do Girassol ao céu cinzento
Rouba tua tristeza e dá a mim;
Sol de girassol por um momento
Vê no meu olhar um velho Fim.
Musa de grandeza e morbidez
Nunca solidão eu vi em ti;
Nunca de maldade à insensatez
Tive em tua leitura o que já li.
Lágrimas de dor eu vou chorando...
Terra de desprezo em mim caindo
Cobre em nostalgia o tempo quando
Todo o meu suspiro for sumindo...
Venhas para mim, Mãe-Natureza!
Dê ao meu olhar tua sepultura,
Tomes para ti minha tristeza:
Faças dela apenas alma pura.