PULSÃO
A pulsão que vos impele a contemplar sublimes estrelas cintilantes em meio à fascinantes universos infinitos
Atraídos por voragens que conjuram tempestades de raios fulgurantes sob o círculo perpétuo de um sopro erudito
O vórtice que vos impulsiona para cima e para baixo, para frente e para trás, no abismo onde insurgem duas partes litigantes
Ante o espelho à ouro banhado, adornado por um véu de seda, sob um céu de estrelas de esmeraldas e diamantes
A pulsão que vos impele a emergir das penumbras asfixiadas nos escombros de uma coluna atirada ao lodo
Como cegos entocados na caverna, e ainda atraídos por um feixe luminoso que vos hipnotiza como ao elétron o cátodo
Fugindo desesperadamente de fantasmas, coxeando de muletas, ante pedra que ao vosso caminho se apresenta obstante
Implorando piedade sob o ataúde que guarda as cinzas pueris, e a poeira que em vós se faz incrustante
A pulsão que me impele a atravessar a montanha fumegante, sob a chuva flamejante que jorra do vulcão ao seu despertar
O cordão que me faz andar por sobre abismos e mergulhar na erupção com a certeza de que nada irá passar
A estridente risada que disparo, assim, assombra o próprio declínio que, então, vai se só até o fim do rio na correnteza
Assim, sigo a mim, não sigo o tempo, ele me segue, não sigo a vós, pois não sigo também a incerteza