A CHUVA
A chuva
Em pingos que umedecem a vida
Na água que escoa e alimenta vivos
A chuva
No arraste de terra e barracos morro abaixo
Lavando o céu e o chão e afogando–os por vezes
A chuva
Pela saudade do Sol em descanso profundo e merecido
Em prol do lazer dos seres em harmonia com a Natureza
A chuva
Como o grito contrário ao asfalto que rouba da água a percolação do solo
Na frustração das raízes das plantas que se estendem sem matar sua sede
A chuva
Como vazões de água ofertadas aos subdimensionados esgotos urbanos
Quando da sabida liquefação encorpada por poluentes e pela sujeira social
A chuva
Qual berço do espalhamento de terríveis moléstias e imprevisíveis males
Contra o incongruente homem civilizado e tão vitimado por sua estupidez
Salvador, 07/01/2002.