A CHUVA

A chuva

Em pingos que umedecem a vida

Na água que escoa e alimenta vivos

A chuva

No arraste de terra e barracos morro abaixo

Lavando o céu e o chão e afogando–os por vezes

A chuva

Pela saudade do Sol em descanso profundo e merecido

Em prol do lazer dos seres em harmonia com a Natureza

A chuva

Como o grito contrário ao asfalto que rouba da água a percolação do solo

Na frustração das raízes das plantas que se estendem sem matar sua sede

A chuva

Como vazões de água ofertadas aos subdimensionados esgotos urbanos

Quando da sabida liquefação encorpada por poluentes e pela sujeira social

A chuva

Qual berço do espalhamento de terríveis moléstias e imprevisíveis males

Contra o incongruente homem civilizado e tão vitimado por sua estupidez

Salvador, 07/01/2002.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 07/05/2018
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