O AMPARO

I

Antes de ampará-la em meu colo,

horas mais cedo

eu encarava a faca escolhida

lágrima caíam, lágrimas

... que iam enferrujar a lâmina.

Senti um amor doce-azedo

e – Sim, claro... - uma dúvida terrível

vontade de desistir e ouvir...

aquela voz que dizem

... dentro do ouvido residir.

"Não faça isso, não faça... por favor...

não tem volta... faça não..., redenção..., oh, não...

corpo, assassinato, morte..., podridão...”

II

Antes de amparar

o seu corpo apodrecendo

tornando-se pedra congelando

no meu corpo quente...

... transformando-nos

em matérias diferentes.

Uma alma viva

Uma alma ausente.

Uma brecha na janela

fez com que o sol atingisse a faca.

A luz atingiu a lâmina

E depois atingiu meus olhos...

Eu senti dor.

É nos olhos que

sentimos a maior dor...

Foi por isso comecei por eles...

Me lembro dos gritos,

me perdoe... meu amor.

"Não faça isso, não faça... por favor...

não tem volta... faça não..., redenção..., oh, não...

corpo, assassinato, morte..., podridão...”

Em vez de escutar a voz...

Em casa você entrou, finalmente.

Sorrimos...

Você se aproximou e falou sobre perdão.

E eu..., bem...