Liberdade
Andejei por caminhos à esmo
Deixei pegadas na areia de uma possível tentativa
Embora soubesse que fingir fosse uma escolha
Carreguei dias, semanas e meses, eles não eram tão amigáveis assim
Cada segundo que sobrevivia, mais morria para sair da gaiola do conforto
Grades me prendiam, meu pássaro interior não podia voar
Um vento triste consolava alguns versos mentirosos, uma poética dor cuspida
Naquele ar pairava apenas a dúvida e toda sua estirpe
Os caminhos eram encruzilhadas, que me jogavam sempre no mesmo poço de vaidade
À beira-mar eu via meus sonhos irem embora
A minha suposta felicidade parecia mais com uma novela mexicana
Sorrisos sem dentes para mostrar que está tudo bem
Andei até a sola sangrar, andei com fome de verdade e sede de mudança
Entretanto, se não houvessem atitudes minhas, isso não passaria de mais meia dúzia de palavras bonitas
Tive convicção do que finalmente era certo e errado, demorei, mas as nuvens negras foram indo embora
O sol iluminou, a Luz me mostrou
O céu do meu pensamento cintilou
Os meus olhos que não enxergavam, podem ver pela primeira vez as matizes que desenhavam a verdade nua e crua...
Um papel desceu sobre mim, e com lágrimas fui escrevendo
Teci uma história que começara a partir da quebra das amarras
A história que era composta por humildade
De uma extinção daquela vida sem propósito
Um pouco do meu eu foi dado à folha em branco
Pintei com letras, e com verdade, eu gritei: liberdade!
Andejei por um caminho onde eu pude ver jardins, bosques, verdades e conheci o amor.