SOREN & REGINE
Por quê Kierkegaard não traçou Regine Olsen?
Tenho um palpite
O dinamarquês pensava demais
E no esfolamento do sexo há um pouco
de violência
Soren era delicado com as coisas de Deus
E tinha medo de não calibrar perfeitamente
Para atingir o alvo no ponto exato
Que separa a dor do prazer
Pensava na alma do pai
Na maldição que habitava sua casa de infância
E quando a virgem foi arrebatada por um grosseiro burguês
Sua imaginação viu a amada sendo rasgada
Aquelas doces pernas jogadas para cantos opostos do quarto
Pôde ouvir gritos de socorro
E gargalhadas enquanto mãos grosseiras
Amarrotavam o tapete de seda
Contudo o que mais o humilhou
Foi que ela queria mais
Naquela noite seu sobrenome foi zombado
Em uma festa de porcos
Depois de consumado a junção
De patrimônios e corpos
Os frutos, os róseos filhos
Os momentos que nunca foram seus
O filósofo ascendeu ao nada
Na sua inútil busca por Deus