madrugada (segunda parte)

o clarão ecoa desbotando o céu

todos os azuis são visíveis a olho nu

tudo parece nunca

porque eu sou outra

o urro dos motores ofusca os bentevis

um passarinho solitário brinca de telefone sem fio

“quero-quero”

a manhã rasga meus olhos

sou trevas

o horizonte incendeia

não vejo mais a estrela da manhã

sem guia

perfumo a casa com café

um passarinho anônimo gorjeia