Versos à Menina Mariáh
Descansa, tão doce Mariáh
Em teu leito que cheira ao último trago
Do dia que te consome e sem cor
Sobre os pulsos em que laceras
Pouso um beijo meu, tua dor.
Descansa nele, pobre menina
A morte da tua filhinha
Descansa...
No colo daquele que primeiro
Nos amou.
E o meu olhar nele
Mergulho dentro do teu olhar
Alma tua, doce menina minha
De infância ultrajada
Tal o trago da bebida
Tal a droga que entorpece
Em tua boca inocente violada
Mas nunca por ele esquecida.
Sempre por ele amada.
Descansa, tão doce Mariáh
Menina que chora, perdida...
És menina da menina dos seus olhos!
Crês nisso, minha querida?!
E choro eu contigo
E choro eu por ti
Abraça-nos Ele à nós.
E no instante do nosso abraço
O seu santo amor sobre ti
Luz sobre nós as duas
Pacto de silêncio e oração
Abraço: coração com coração.
Levo a tua dor para casa
| Semente da minha oração |
E em meus momentos de silêncio
Aos seus pés, planto pedidos
De dias melhores à ti.
Entrego a Ele a tua dor
Menina... És sua flor!
E rogo por ti um pouco de cor
Nos teus dezessete anos nublados
Nos teus cabelinhos cacheados
Nas tuas idéias suicidas
Nas tuas dores e cansaço
Da tua infância interrompida.
Descansa nele, tão doce Mariáh...
Descansa, menina... Descansa...
. . .
À uma jovem tão minha
Que cuido e guardo, todos os dias,
Versos singelos escrevo
E chega ao pai como oração
| Em teu nome, meu pai... em teu nome |
Da minha alma ao teu coração.
Karla Mello
04 de Maio de 2018