DESERTO

Nestes dias de sol sem vento,
o calor toma tudo e abrasa.
Boca seca, o olhar turvo,
me parece habitar um deserto,
onde a areia escaldante
                            e constante,
me penetra, e não dá frutos.

Infindáveis são os rumos
que alguém traçou, mas não disse.
Não disse, porém deixou marcas ,
marcas profundas, bem fundas,
em tudo que anda e respira,
em tudo que vive e se mexe.

Sento-me então, me contemplo,
reviso o passado, o presente,
e me disponho, sem medo,
a criar meu próprio enredo.