Janela da menina
Havia sempre uma janela aberta,
Em que no fim da tarde eu via,
Uma bela menina de pose astuta
Vendo de apreço o que eu não podia
E me imaginava ali com ela,
Compartilhando da sua visão,
Pintando prédios de ilusão,
Fazendo da sua rua passarela
E uma palmeira que eu nunca vi,
Um dia tomou chuva e cresceu,
Mais alto ainda que o muro dela,
E a janela para mim se escondeu.
Agora não vejo mais o mundo,
Visto daquela janela que eu via,
Pois uma árvore cresceu e cegou,
Os olhos que eu tinha naquela menina.