Novelo

Como um novelo

a correr pelo tapete,

vi minha alma nua

e cantada em falsete,

se perder no tempo

e orbitar na lua.

Num choro mudo

qual um vazadouro

em noite escura,

guardei sob escudo

folheado a ouro,

a minha ternura.

Até que na tarde

pintada num azul

“papel de maçã”,

chegastes em alarde

trazendo do sul

um fio de lã.

Tecendo abraços

em pontos precisos

em cada madrugada,

me destes os passos

bordados em risos...

com o fio da meada.