NA PERIFERIA

E a chuva cai

meus irmão sem abrigo carregam

no desencanto a água do mundo,

faróis colorindo as gotas da chuva

fazem a magia das crianças deixadas

na suburbana solidão dos carentes

pelas mães que buscam a vida

na disputa ingrata

do trabalho com a dívida

Caminho por uma rua repleta

do orgulho metálico dos que podem

- despreocupados com a impunidade

garantindo a covardia de ontem,

piso na calçada sujas do sangue

sombras dos meus irmãos vencidos

e a chuva cai

pelas mães ganhando a vida

na saudade dos filhos que esperam

aprendendo o crime

na periferia, irmão, aonde o calibre do sonho

liberta a verdade avermelhando

a lama dos párias