Um conto! Um conto, Deus meu! Dai-me um conto!
Um conto! Um conto, Deus meu! Dai-me um conto!
Um conto com roteiro, com história!
Um conto! Um conto apenas! Dai-me e eu o monto!
Eu me esforço a montá-lo sem demora,
eu me esforço! Das vírgulas ao ponto
final! Dai-mo! Prometo à mesma hora
criá-lo com amor de ouríves tonto,
vaidoso a lapidar o ouro que o doira!
Apenas uma ideia que me encante
o bastante, que a gravo em um instante!
Um conto, que eu desejo, à fantasia,
maravilhar quem leia atentamente,
ou mesmo lhe criar nova fobia,
quem sabe lhe irritar profundamente,
mas que leia! Que atente a cada linha!
Que ache muito gelado ou muito ardente,
mas que ao menos perceba a tentativa
de alguém que quer ser mais que pretendente
a artista, mas de um sério que procura
escrever como os loucos pela musa.
Talvez, se mais capaz de história inteira,
me vejam escritor mais que idiota,
porém, por mais que tente, longe à beira
da competência, estou preso à derrota.
Poema, minha estrofe bagaceira,
meu verso enfastiante que se esgota,
minha rima sem graça verdadeira,
meu metro que exumei e comigo mofa.
Um conto! Se escrevesse um conto só,
minha obra seria o conto, mais pó!
28/4/2018