Ansiedade
No antecipado do tempo vou engolindo sem mastigar o sentimento
Não é aquele que antevi e sim um outro amargo, mal cozido
A vontade do "ter" salta os olhos infantis, faz o estrago na festa
O desembrulhar dos presentes é algo desconexo e brutal
Pura ansiedade
O imaginar do beijo que nem o outro adivinharia com tamanha rapidez
A palavra que sai tal touro na arena, mordida em desalinho, doida a correr
O carinho que de suave não se controla e pula nas mãos como cavalo bravo
O olhar de tão desejoso cospe inveja e destila um ódio não compreendido
Pura ansiedade
A cachaça empurrada garganta a dentro, rascante desejo de se embriagar com o ar
A fome sem testemunho do sabor engole alimento como um cão de rua, atrevido
O desejo de desejar mais e mais o que nunca-visto foi e sem saber o que será
Olho grande e comprido, devorando o tempo, derrubando prazeres reais
Pura ansiedade
Queria escrever mais, mas, por pura ansiedade , fui na página devorado.