TRANSTORNO NO TRANSBORDO (*)(**)
Ao final de cada dia, a mudança
desigual é covardia; a lembrança
dos irritantes transbordos: - agonia!;
dos viajantes, transtornos: - ironia?
Troca do sujo veículo no regresso
bolado, cujo ridículo eu expresso
repleto em copiosa indignação,
completo em preciosa afirmação:
Fatos fortes são sãs vidas molestadas;
dados cortes são feridas espetadas...
são opiniões patéticas não esquecidas...
são ocasiões estéticas não merecidas.
Momentos que já se foram, enfim,
tormentos que lá sugaram a mim,
são raras lembranças deformadas,
tão caras esperanças maltratadas.
Salvador, 1998.
(*) Quando do regresso dos trabalhadores de algumas empresas do Pólo Petroquímico da Bahia à capital Salvador, no final do horário administrativo. Este poema expressa, por conseguinte, apenas aquilo que a grande maioria dos usuários do transporte coletivo oferecido pelas fábricas - algumas com formação de linhas para atender “pool” de empresas - reclamava na volta para casa após um dia de labuta, o que foi muito observado e vivido pelo autor.
(**) (**) Poema publicado em MARTINS, Oswaldo Francisco. Desabafo em versos. Salvador: Egba, 2006. 160 p. ISBN 85-902897-3-7.