Não amei o amor que todos dizem amar
Amei, com limite, com diretrizes e um tanto de "ar contemporâneo"
O coração fingiu acelerar, o frio na barriga, virou dor de barriga
O brilho no olhar, opaco, sem vida, se perdeu na multidão de falsos
Andei com o andar da carruagem, fui levado pela maré dos amantes aficionados
Da mentira, fui adotado, passei a comer no mesmo prato
Avistei um povo sem graça, gente sem beleza, ensossa
O dissabor, só de olhar me deu ânsia, enjoei em ver aquilo tudo...
Amei, como um inteiro idiota, fui apenas mais um mentiroso
Caminhei, pelas inverdades, no trajeto cuspi no que ainda sobressaia, a pequena e genuína verdade foi escarrada
Fitei atitudes maquinais, gestos engessados em interesses, pessoas doentes e escassas em suas vidinhas
sabe, não sei o que é mais amar, me tornei um robô, todos tornaram-se
Uma vida falha, cheia de migalhas, nos perdemos em nossas confortáveis mentiras
Dejeto, fragmentos, qualquer resto e imundice alojou-se em nossos devaneios...
Não amei o amor que todos dizem amar, fui apenas engolido...