Clamor
O vento frio do outono toca em meu rosto
Sinto a vida
As pessoas transcorrem pela avenida
Vejo uma senhora aos gritos, incontida
O que passa naquela alma aflita
Tantos irmãos na desdita
Mantenho o meu coração contrito
Cada qual rumo ao um destino
Em frente a igreja paro, toca o sino
08:00 da manhã!!
Pelas escadas da Catedral sobe o rabino
Pessoa alta, esguia de corpo fino
O seu figurino me remete ao Divino
Aquela imagem cristaliza!!
Penso novamente naquela Senhora
Desesperada, aos prantos no início daquela hora
Sou impotente para ajudá-la!!
As misérias humanas paralisam-me
Indiferente não posso ficar
Entro na igreja, prostro-me
Rendo aos céus solicitude
Lamento por não ter tido atitude
Na minha época de juventude
Era um ser com mais virtude
Senhor, escute-me!
Perdoa-me minha falta de generosidade!
Perdi uma oportunidade
Representa-me em minha falha
Acalente aquela irmã em situação drástica
Desesperada em praça pública.