A tudo que for assombro, intenso e delicado,
pontuado no deslimite da matriz biológica, da existência,
a colher na boca o orvalho impensável, portanto violento
A poesia não é a vocação plácida do lavrador
e ainda é o sol, a terra, a pedra e o espírito
É a imagem palavreamente radiosa e afiada
a cortar-nos a língua de lâminas e pão
A poesia não é pra quem busca conforto...
É inquietação, entranha, sangria,
deixar à mostra o estômago, fígado, pulmões,
e os sentimentos, ainda que anômalos, reais !
[ Poesia é profundidade em carne viva ] .
Fotografia - Jeffrey Vanhoutte