BOI AMUADO
Flamarion Costa
Ao Vaqueiro Pedrito
de Pedro Guarda

Na rua de Diolira eu vi um boi amuado
cansado do caminho, prostrou-se no chão.
Era um boi fatigado de sua vida de boi!
lida de gado marcado, tocado... tangido!


- Levanta boi! Vamuu sua desgraça!! EiêêêÊ boi!
Gritava Pedrito ao pé do ouvido do boi!!
...

Só o povo não se fatiga de sua vida de gado,
Pensei, ao ver aquele boi cansado do caminho.
Só o povo não se toca, nem mais berra!
Apenas rumina, a rotina velada de todos os dias
E segue sua vida marcada, infeliz!

E o boi nem aí pra agonia do vaqueiro
Pedrito de Pedro Guarda.
O vaqueiro se vale do bom cavalo
que atento, se mentem de pé.

O vaqueiro apeia, tira a tapa do boi
e berra ao seu ouvido:
- Levanta boi!  Vamu sua destraça!
Êta porra! gritava Pedrito, o Boi! !

O Boi amuado, deitado  no meio da rua...
sem tapa, sem espora e sem ferrão
um vaqueiro  nú se vale dos próprios dentes ...
e crava a dentadura na orelha do boi...
e o boi nem tchum!!!

Não era assim o Boi de Tapa 
que em pavorosa corria doido pelas ruas

testando postes e porta...
...

Não era assim o povo!  
em sua vida banal, com a tapa do boi
sem fazer a hora acontecer.

- “Ei ei ô ô, vida de gado,
ô ô povo marcado ô povo feliz!”.


Na rua de Diolira eu ví o boi amuado
cansado, infeliz!
Nem um mugido, sem gemido
Só o vaqueiro, o cavalo, o boi...

E o povo de longe velando
a nação destrocada...
A manada calada seguindo o aboio.

O povo pato, do pato amarelo
O Boi, o boi!

Nós, manada de manobra,
Calado rumo ao matadouro...
 
Eu ví um boi amuado na rua de Diolira
Eu ví uma nação amordaçada na avenida
Brasil.

C
ansado, infeliz!
a nação destrocada...
A manada ... o Boi!!!
 
 
O povo, pato do pato amarelo
O povo, êta porra o Boi!