Há um silêncio

há um silêncio oculto nas perguntas

e nos gestos dentro das palavras tão sem sentido

enlaçadas ao escuro incendiando os caminhos das noites

há um silêncio oculto nos poemas recitados nas madrugadas

perfumadas pelo sono das estrelas

e acalentadas pela solidão trêmula dos dias redundantes

há em você e há em mim este silêncio

das lágrimas dos sonhos que invento

e este gosto de tardes e ternuras

que trazem a saudade de uma canção antiga

que canto só pra você e para a sua ausência

há um silêncio oculto no choro convulso que a noite traz

há um silêncio oculto nas flores

e nas cores das flores

que já não são as mesmas de ontem para hoje

há um silêncio oculto no tempo

frívola e inútil mentira que invento

para guardar nossos momentos e garatujar o sentimento

meu primeiro esboço de você

há um silêncio oculto neste amor que é passo a passo

e que me leva até você

há um silêncio oculto no cansaço e na queda

há um silêncio oculto nos rascunhos que escrevo

ilusões cativas e indizíveis

momentos e labirintos

sonhos adormecidos na essência da vida

punhais afiados sibilando no vento que passa

e traz luas tão antigas quanto este canto que canto

só pra você e para a sua ausência