SENHOR PAI

“Pai afasta de mim esse cálice, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue”

Chico Buarque.

Pai

Afasta de mim

A dor da opressão

A ira dos generais

O cassetete da ditadura

Afasta de mim

A fome e a sede da amargura

A falta da esperança

Da desigualdade social

Pai

Onde houver o medo das sombras

A ignorância das trevas

Que eu possa ser um ponto de luz

A levar a esperança alada

Que eu tenha Pai

A vontade da justiça social

E nunca o desejo de vingança

Que eu me encante com as estrelas

Pai

Afasta de mim

A maledicência da crueldade

A ganância dos pobres de espírito

Dos burgueses hipócritas

Afasta de mim

O orgulho pequenez

E a vaidade do pequeno ego

Pai

Afasta de mim

O temor da bala perdida

Dos desconhecidos ao lado

Dos vícios licítos também e

O corpo sujo de sangue

Afasta de mim

O pau-de-arara dos cárceres

E o cálice de veneno

Amargo e sujo de sangue

Pai

Afasta de mim

A Sedução dos podres poderes

L’argent sujo da corrupção

Ainda que a democracia seja imperfeita

Ditadura Nunca Mais!

Quero viver o sonho libertador

Uma democracia justa e social

Viver numa sociedade

Mais compreensiva, fraterna e solidária

"Que meus inimigos

Tenham olhos mas não me vejam

Tenham braços mas não me agarrem

Tenham pernas mas não me alcancem"

Pai

Fazei de mim um instrumento

De vossa paz, porque paz sem voz

Não é paz é medo

Senhor Pai!

Se assim não for

Tenha piedade de todos nós.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 21/04/2018
Código do texto: T6315312
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.