Poema oculto...
Eis-me aqui, deixo-te ir
Vives assim
Entre risos frouxos
Entre olhares rotos
Porém, não cerceiam teu existir...
Inusitado esse tempo
Te faço pouco
Com ouvidos moucos
Mas quando te calas
Odeio teu silêncio
Esse vazio lúgubre
Torna-me comum
Pertencente a lugar nenhum
O ser andante, cuja meta
Apenas seguir adiante...
Posso sentir, gritas
Anseias sair
Postergando meço a folha em branco
Não é teu, o silêncio
Às vezes o vejo banal, manco
Até insignificante...
Porém, hoje preciso ouvir-te
- Grite, cante!
Tua melodia desperta em mim
A criança de ontem
Aquela que contemplava a lua
Como se fosse apenas sua
Nas horas sombrias de medo
Iluminava a escuridão
Esse era seu segredo...
Deixo-te ir
Não desejo o deserto
Sempre que abrir os olhos
Terás caminho aberto
Cante!
Ainda que seja assim...
Apenas para mim...
Ema Machado