Entre o céu e o chão - Ilusão - LXXXI
É preciso que
as palavras
saltem:
leves,
livres,
lascivas,
límpidas,
luminosas
e legivelmente
linguarudas,
é preciso
amá-las:
por seus segredos,
por suas belezas,
por seus mistérios,
pelo que são,
pelo que nos tornam
e por serem desde
o princípio o motivo
de toda criação,
é preciso
honrar as
palavras:
corteses,
cintilantes,
compassíveis,
companheiras,
cristalinas,
cognoscentes,
e ajoelhar-se sempre
as circunspectas;
é preciso
dissolver as:
bárbaras,
birrentas,
brutas,
beligerantes,
bitoladas e
as bocejantes
em versos violetas
com faíscas douradas
de consciência;
é preciso
ser a palavras
que edifica
e morrer
em todas que
não são capazes
de gerar uma
alva poesia!