A DOR DOS CANAVIAIS
Olhos negros,
pele negra
nos verdes canaviais.
Marcas insanas no corpo,
semente branca no ventre;
no coração, a dor
de um tanto faz..
Mulheres desesperança.
Nos lábios, nenhum grão
do açúcar mascavado,
da raspa de melaço,
do sumo da cana caiana
plantada com o suor
e cansaço..
Mulheres escravizadas,
senhores escravocratas,
Casa Grandes e Senzala.
Visível a herança
dos tempos coloniais.
Mulatas,
filhas da cor da rapadura,
vida dura, nada açucaradas
por dores quiçá imortais.
Olivia Beltrão
Recife, 13 de agosto de 2017.