Poema da madrugada.
Rio, 18.04.2018.
Poema da madrugada.
Era um poema que
Não queria acordar cedo,
Pra mim era um segredo,
Um poema que se recusava
A ver o nascer do sol.
Não queria rimar com nada,
Parecia que estava de ressaca
E que só amava o seu lençol.
Era um poema que não
Queria acontecer a tarde,
Mas era um poema mais
Valente que covarde,
E parecia não ter muito pudor.
Era um poema que não
Falava, mas me olhava
Com uns olhos de sábio pensador.
E esse poema não quis
Sair á noite, mas também
Não dormiu, tinha insônia
Ou alguma coisa assim,
Ele não se encatava com
O brilho das estrelas e eu
Pensava: "O que esse
Poema quer de mim?"
E foi uma coisa tão desatinada,
Já era noite alta quando
O poema foi se revelar,
Bem num gole de uma bebida
Barata, em meio a tanta gente chata,
Ele se pôs a me falar:
Meu amigo não é que eu
Esteja de pirraça eu quero
Mesmo é ser escrito,
Mas não sou desses poemas
Que fazes (tão bonitos),
Sou é mais proscrito,
Por isso esperei o momento
Certo, sim senhor.
Sou poema da magrada,
Eu gosto é de noitada,
Das mulheres que circulam
Maquiadas,aqui na Lapa.
Do beijo, do frisson,
Da malandragem da qual
Você se aposentou.
Eu vim falar de libertinagem,
Não sou mais um dos seus
Poemas de amor.
Clayton Marcio.