sem falar
Sou pedra e sal numa
Constelação dee palavras, rajadas
De sangue e sofrimento,
Sou o ponto instante em
Que tudo é nada, presente
Inefável de outros sonhos
Na imóvel presença do espírito.
Fragmento de um espetáculo maior,
Ciranda, jogos, quedas, explosão
De algum tormento, gilete cortando
Carne, fumo, treva, sombra e firmamento,
Sou isso e aquilo, laje que abriga
O vento, olhos de tempestade, parto
E esconderijo, do mar, o desejo, do
Rio, o caminho, da floresta, o escuro
Do sol, a pele das coisas claras, e no
Entanto, nada disso eu sou, talvez
Uma pedra bruta que aprende a soletrar
O sonho de outras pedras