Alinhavo

Meus predencimentos tomaram minha mente

no bailar dos meus pés

pela rua, hoje à tarde.

A sondagem de uma voz

dizia-me uma única frase.

E dela, sem mais delongas do pensamento

e a cada passo dado,

mais e mais costureiras trabalhavam

no interior do meu guarda-roupas,

naquela mistura de panos velhos e sujos.

Arrumados e amarrotados.

A cada linha introduzida, mais e mais aguilhoadas.

E era assim em cada parada.

Em cada canto da estrada.

Em cada conversa, onde o sorriso

deveria permanecer nítido,

para que os lançaços não se lançassem ao chão

em forma d'àgua.

As ruas da cidade me consomem em nostalgia

nas vertentes em que a meninez palpita no peito.

A admiração alheia à um corpo formado

e uma face que lhe dizem "bela",

desvela a modestidade e a gratidão.

A bola rolou uns quilômetros a frente

na solidão dum aro de borracha

preso ao chão.

No avanço, o balançar do balanço

foi interrompido pelos miúdos

completamente tomados de ingenuidade.

Rotulada de tia, o favorecimento para seus sorrisos

fez-me bem ao coração.

-Deleitos à uma maçã? Que banzo do meu pirulito de morango

vermelho igual aos meus brincos e meu batom.

Maldito e bendito seja o tempo, que mudou tudo de tom!

Nas últimas colisões os alvitres valeram apena, crendo estou!

A última costureira terminou seu Alinhavo

e no Ponto de Cruz a nota da voz que sondei, dizia-me:

"Hoje você carrega nos ombros o peso de inspirar pessoas,

isso é tudo que te restou!"

De sopro em sopro ao lagrimar pela rua,

Vênus me acompanhou...