Brilho Morto
Entro cristalino na estranheza
solto a rédea com destreza
aponto à rede uma nota solta
e saio limpo no caminho de volta.
Entro a brilhar
mas nem luz nem ar
só um brilho solto
só um brilho morto...
Entro como em um porto
no cais deito o meu corpo...
Só vejo o meu lugar
e a sombra que faz para o mar
saio sobre uma nuvem branca
que me abafa e encanta.
Caio com o Sol de lado
viro-me e sou levado
até o vento me deixar
aqui encostado
a dormir no meu sonho.
Estranho a pobreza do encanto
enquanto respiro este ar
que já não me pertence...
Nuno Godinho
21-2-2018