As fraquezas d'um querer

Quanto mais se tenta esconder, mais o que é escondido se destaca.

Assim é o querer, quando, por não poder, se disfarça.

Um desejo insistente vem, per si, não se pondo a controlar.

É um sentir covarde que minha mente já está a reclamar.

Se há ponte entre o não e o sim, só a racionalidade pode limitar;

Aquele querer à ti que, de mim, não consigo arrancar.

Finco os olhos no além para que minha vista não venha a me trair;

Por pôr, em você, os meus olhos, ao você se distrair.

Tento, em vão, ignorar o que demais me chama atenção.

Se sei eu que nada posso, porquê não desisto, então?

Minha moral não permite que eu seja comigo desonesto.

Ser fiel é o limite posto entre quem eu amo e o resto.

De onde vem o pecado, ao, por um fio, ferir alguém?

Se já tenho um amor não há porquê não querê-la bem.

Se o meu querer é querer outra, já lhe faço o mal.

Aliás, posso não alimentá-lo e tudo voltará ao normal.

Entre punir-me por olhá-la e repreender-me para não olhar,

Caminho no estreito limite entre seguir ou parar.

Pois o alívio de resistir à tentação ainda é maior que arriscar.

Mas, hoje digo que não, amanhã ninguém saberá.

Será que meu ego, sem que eu saiba, me põe a fraquejar?

Já que dela eu espero o que não deveria esperar.

Por mais rápido que seja não a vejo mais me mirar.

O que houve com essa moça? Seu interesse, não mais há?

Não sabe eu que a minha fidelidade fê-la ainda mais me admirar.

Agora, ela não me deseja como outrora, porém, se pôs a esperar.

Não na janela, não sem outros rapazes também desejar.

Ela é feito a Lua, ciente do deitar do Sol, já prepara seu brilhar.

Eu, que ainda não entendi, da linguagem corporal, me valho.

Tento fazê-la atraída por mim mas, por tudo isso, eu falho.

Agora, em poucos dias das semanas, a dúvida reinará.

Se já tenho um amor, deveria o meu querer, acomodar.

Sabida essa moça, que se for para ser "a outra" não se dispõe a ser.

Prefere de longe espiar do que esperar o que não vai acontecer.

Se um dia, não desejando que chegue, livre eu venha a ser...

Quem sabe o encontro, do recíproco desejo, possa acontecer?

Maísa C. Lobo

14/04/2018. 14:39h

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 14/04/2018
Reeditado em 14/11/2023
Código do texto: T6308462
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